São Paulo 1 de Agosto de 2011,
Moça,
É estranho escrever para você que vive aqui, dentro de mim. Mas sabe que as vezes escrevo até para mim. É, para mim!
Parece louco, não é?
Mas é que a cada início de agosto você parece querer se afastar. Logo de mim que te acho tão indispensável?
Isso me consome em suas primeiras horas, exatamente como agora que desesperadamente escrevo para você.
Peço para que não tenha medo dessas coisas que insistem em se modificar aqui.
É tudo matéria. Não olhe, não analise demais...
Temo que você não mais se identifique... e que se vá.
Sabe, é que esse corpo não mais tão rijo e vigoroso ainda espera que faça dele tua morada.
Não se afaste! Preciso de você aqui dentro.
Sei que por vezes pareço priorizar a tal da idade adulta e te desmerecer, mas é que são contas, trabalhos, decisões, compromissos...
Não, não é isso!
Preciso de você comigo também aqui. Acredite!
Sei o quanto pode ser chato quando demonstro que nem cheguei até você.
Pareço te ignorar!?
“Ora, menina, você ainda está na primeira infância?”
Mas entenda e não a menospreze. Você pra ser completa também precisa dela.
Não se chatei, vá!
Não te queira longe de mim.
Me vista uma roupa bem bonita quando em casa eu quiser ficar
Projete numa lousa branca as idéias inovadoras quando me faltar
Trate para que o amor para mim seja como você: Hora enérgico, vigoroso, cheio de viço; Hora ingênuo...
É que os agostos estarão por muito tempo comigo- se Deus assim permitir.
Então preciso que entenda que vocês podem ocupar o mesmo lugar.
Não saiba contar, principalmente os meus anos.
Você tem uma mania chata de levar isso em consideração!
Que critério mais fútil, hein! Até você precisa amadurecer, ta vendo?
Não se alie aos anos passados, alie-se a mim nos vindouros.