domingo, 31 de julho de 2011

Direto na fonte

São Paulo 1 de Agosto de 2011,
Moça,

É estranho escrever para você que vive aqui, dentro de mim. Mas sabe que as vezes escrevo até para mim. É, para mim!
Parece louco, não é?
Mas é que a cada início de agosto você parece querer se afastar. Logo de mim que te acho tão indispensável?
Isso me consome em suas primeiras horas, exatamente como agora que desesperadamente escrevo para você.
Peço para que não tenha medo dessas coisas que insistem em se modificar aqui.
É tudo matéria. Não olhe, não analise demais...
Temo que você não mais se identifique... e que se vá.
Sabe, é que esse corpo não mais tão rijo e vigoroso  ainda espera que faça dele tua morada.
Não se afaste! Preciso de você aqui dentro.
Sei que por vezes pareço priorizar a tal da idade adulta e te desmerecer, mas é que são contas, trabalhos, decisões, compromissos...
Não, não é isso!
Preciso de você comigo também aqui. Acredite!
 Sei o quanto pode ser chato quando demonstro que nem cheguei até você.
Pareço te ignorar!?
“Ora, menina, você ainda está na primeira infância?”
Mas entenda e não a menospreze. Você pra ser completa também precisa dela.
Não se chatei, vá!
Não te queira longe de mim.
Me vista uma roupa bem bonita quando em casa eu quiser ficar
Projete numa lousa branca as idéias inovadoras quando me faltar
Trate para que o amor para mim seja como você: Hora enérgico, vigoroso, cheio de viço; Hora ingênuo...
É que os agostos estarão por muito tempo comigo- se Deus assim permitir.
Então preciso que entenda que vocês podem ocupar o mesmo lugar.
Não saiba contar, principalmente os meus anos.
Você tem uma mania chata de levar isso em consideração!
Que critério mais fútil, hein! Até você precisa amadurecer, ta vendo?

Não se alie aos anos passados, alie-se a mim nos vindouros.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pôr a escrita em dia, a leitura, nem sempre

Com a licença da palavra,

O que mesmo andamos redigindo por aí?

O que temos feito com cada um dos caracteres do alfabeto que tão cedo aprendemos a utilizar? Aprendemos?

Já sei! Formando palavras?! É?

Mas de que classe mesmo?

Sem classe? Como assim?!

Ah, já sei! Adjetivos...

Não esqueçamos, eles também servem para bem- qualificar, e se for um substantivo próprio... Humm... é tão melhor!

Desde que não seja apenas o nosso próprio- Claro!-.


Propaga-se paz, um romance, uma música, uma boa notícia...

Um beijo, um “eu te amo”...

Em algumas situações a operação da divisão não é bem-vinda
Melhor guardar pra si, e assim que puder jogar tudo fora
Ou recicle, aprimore...
Transforme em um conselho sincero, em uma crítica sutil e construtiva!
Letras unidas para ressaltar os defeitos de pessoas, censurar...
Acima do bem e o do mal ou do mau e do bom?
Dos dois?! Nossa!
Não dividamos, não dividamos!
Prefiro então não saber distinguir e reunir algumas letras

Assim melhor sermos iletrados. Não?!

Tudo Letra morta?

Traduzo, tudo letra morta: coisa que não se toma em consideração.

É, letra morta!

O que talvez isso aqui também seja- para você-

sábado, 2 de abril de 2011

Pôr fim, enfim

Talvez eu me arrependa mesmo.
(Eu e essa minha mania de repesar)
Mas não é como sentir mágoa ou pesar por faltas ou erros cometidos.
(não, não é isso).
O que me pesa, talvez, é não prosseguir em um intento
É essa minha renúncia que não opõe resistência a qualquer força.
Há muito não tenho espírito quimérico.
Não sou mais aquela que teima.
Aliás, nem me sobram certezas de que se um dia tenha sido.
Devo mesmo ter sempre me rendido sem muito custo.
Diante disso, não lucro. É...! Não tenho obtido vantagens.
Mas a propósito
Prefiro essa ausência de conflitos íntimos (e também entre duas pessoas)
Prefiro crer na exatidão das minhas decisões, mesmo que em face de minha fraqueza de ânimo.
Talvez eu devesse ter empregado meios para obter (o almejado),
Talvez fosse a hora da desistência.
Na realidade, não tenho duvidado do meu empenho.
Não preciso avaliar constantemente o meu cardiovascular através de provas de esforço
É fatigante, e não tenho sido resistente.
Aliás, não quero ser.
É que parece que tenho tentado inutilmente, e talvez não me reste arrependimento.

Ainda almejo!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Meu mundo

Não sente, não vibra, não ama.
Vota amor a si mesmo?
Tenho pensado o quão TÃO mais difícil é a tal expressão do amor.
O que houve?
Parei no mundo dos românticos?
Onde anda o Sonhador, o devaneador, o fantasioso?
Lembro-me de Exupéry- “as pessoas grandes adoram mesmo números!-”.
Vai me desculpando, mas isso não me enche (rá) os olhos.
Pra que mesmo tantos porquês? Números? Regras? Referências?
Prefiro lembrar daquela época- você também deve ter vivido- que todo amor era a representação do “para sempre”.
Hoje tem nos bastado o tradicional “amor pra sempre só de mãe”.
Ah! Não! Quero voltar tanto pro mundo dos que amam “para sempre”.
Mais que isso, dos que permitem ser amados “para sempre”.
Que graça tem o hoje se não há amanhã?
No dia seguinte àquele em que estamos...?
Reticências?
Não!
Que sensação estranha de transbordar enquanto o mundo parece estar na primeira marcação de medida.
Que estranho é a [minha] mudez hipócrita.
Ah! Não! Quero voltar tanto pro mundo dos que amam “para sempre”.
- “Brilho nos olhos, vamos!”
- “ Sorria feito bobo!”
-“ Torça para o caminho de volta para casa não findar!”
-“ Escreva coisas medíocres!”
-“Adote uma linguagem própria, boba, ridícula!”
-“ Associe músicas a telefonemas!"
-“ Torne-se momentaneamente burro!”
Se beija com a boca?
Ah, eu não quero aprender!
Que chato é contar os dias em horas!
Tem me cansado idear romances.
Que graça mesmo tem o tal do predomínio da sensibilidade e da imaginação sobre a razão?
Digo-lhes, há muita, muita graça!
Ah! Não! Quero voltar tanto pro mundo dos que amam “para sempre” igual aquele casal setentão que vi caminhando de mãos dadas hoje.
Assumida, declarada romântica, em todo o tempo; em qualquer ocasião.
Retomo Exupéry- “É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”